30 de ago. de 2008

ARQUÉTIPO SOMBRA



A sombra apresenta-se como o mais poderoso de todos os arquétipos, já que é a fonte de tudo o que existe de melhor e de pior no ser humano. Como todo e qualquer elemento psíquico, a sombra possui aspectos positivos e negativos para o desenvolvimento da personalidade.

Se a persona é desenvolvida com o objetivo de facilitar a convivência do homem na sociedade onde vive, onde, então, se apresentarão aqueles conteúdos não compatíveis com esta adaptação? A sombra é o arquétipo receptáculo dos aspectos que foram suprimidos no desenvolvimento da persona, e mais que isto, ela contém conteúdos que nem chegaram a passar pelo crivo do consciente. Estes conteúdos podem, potencialmente, emergir a qualquer momento na consciência, se considerados do ponto de vista energético.

Quanto mais unilateral se torna o consciente; tanto mais a persona é banhada de purpurina e mais acentuados são os elementos que compõem a sombra. Importante salientar, no entanto, que a sombra não é o lado oposto da consciência, mas representa o que falta a cada personalidade consciente.

Um dos maiores trabalhos no processo de individuação, que consiste no desenvolvimento da personalidade total, é sem dúvida a integração da sombra na consciência. Uma vez reconhecida, a sombra, como parte de si mesmo, o ser humano irá fazê-lo constantemente, pois os conteúdos sombrios não se esgotam, porque sempre que houver processo de escolha, consciente, haverá também, o lado que ficou negligenciado ou não escolhido, aquele que poderia ter sido vivido e não foi. Neste sentido, a sombra estará sempre ao lado do indivíduo e focaliza o resultado de suas escolhas.

Normalmente, reconhecer a sombra implica em “arrumar encrenca” e colocar em questionamento toda a consciência de si: os hábitos, crenças, valores, afetividade, etc. É um mergulho no desconhecido, é ficar sem chão, é perder o apoio.

Sendo o confronto com a sombra um dos primeiros aspectos do processo de individuação, é necessário um ego bem estruturado para reconhecer que tudo aquilo que projetamos nos outros, principalmente as coisas que menos gostamos, são nossas e de mais ninguém.

A sombra não possui, porém, somente aspectos negativos e rejeitados. Possui também aspectos que impulsionam o ser humano para a criatividade e busca de soluções, quando os recursos conscientes se esgotaram. Por sorte, a sombra é insistente e não se sente acuada com a repressão exercida pela consciência. Sempre arranja um jeito de se manifestar, a inspiração é uma destas maneiras. Uma vida sem a presença da sombra torna-se sem brilho e sem criatividade.

Quando, para a nossa adaptação social, desenvolvemos a persona, somos obrigados a descartar vários aspectos que não condizem com a atitude da consciência naquele momento. Estes aspectos poderão ser úteis em outra época de nossas vidas, poderão voltar, uma vez que não serão mais prejudiciais à nossa adaptação e poderão mudar o rumo de nossa história.

A sombra, quando trabalha em harmonia com o ego, deixa a vida mais colorida e rica.

PERSONA



É a máscara usada pelo indivíduo em resposta às convenções e tradições sociais e às suas próprias necessidades arquetípicas internas. É o papel que a sociedade lhe atribui, que espera que você represente na vida. O propósito da máscara é produzir uma impressão definitiva nos outros e, muitas vezes (embora não obrigatoriamente) dissimula a verdadeira natureza do indivíduo, em oposição à personalidade privada, que existe por trás da fachada social. Se o ego se identificar com a persona, como freqüentemente o faz, o indivíduo terá mais consciência do papel que está representando do que de seus sentimentos genuínos. Será sugado pelo personagem, tornando-se um alienado de si mesmo e toda a sua personalidade toma um aspecto superficial e bidimensional

ANIMA E ANIMUS


Jung atribui a arquétipos o lado feminino da personalidade do homem e o lado masculino da personalidade da mulher. O arquétipo feminino no homem é chamado anima, e o masculino na mulher, animus. Eles são o produto de experiências raciais do homem com a mulher e vice-versa. Constituem a "alma" de cada homem e mulher. No que se refere ao caráter dessa "alma" ela costuma ter todas aquelas qualidades humanas comuns que faltam à atitude consciente. O tirano atormentado por maus sonhos, pressentimentos sombrios e receios interiores, é uma figura típica. Exteriormente cruel, é porém sujeito a qualquer humor, como se fosse um ser menos autônomo e mais maleável. Sua alma contém, pois, aquelas qualidades humanas de fraqueza e determinabilidade que faltam completamente à sua atitude exterior, à sua persona. Se a persona for intelectual, a alma será sentimental com toda certeza. O caráter complementar da alma atinge também o caráter sexual, conforme pude constatar muitas vezes. Mulher muito feminina tem alma acentuadamente masculina; homem muito masculino tem alma feminina. A anima e o animus têm um papel importante nas relações amorosas, onde as pessoas, inconscientes desses arquétipos, são levadas a projetá-los no sexo oposto. O desenvolvimento consciente da anima e do animus acarreta numa ampliação da personalidade e num relacionamento mais rico com o outro.

27 de ago. de 2008

HUMANA



Outro dia li estes versos de Marly:

Bom é ser árvore, vento:
sua grandeza inconsciente.
E não pensar, não temer.
Ser, apenas. Altamente.

Permanecer uno e sempre
só e alheio à própria sorte.
Com o mesmo rosto tranqüilo
diante da vida ou da morte.

Fiquei pensativa: será???
Acho que não...
Bom mesmo é ser humano.
Sentir lá no fundo da alma as dores e as alegrias.
Ter consciência de si e do mundo.
Ter consciência da vida e da morte.
Experimentar a angustia do humano e suportá-la.
Gemer de dor ante a consciência da nossa pequenez e impotência, mas também chegar ao gozo das pequenas delícias da vida.
Acho bom ser humana.
Não quero ser como árvore, inconsciente para não pensar e não sofrer.
Quero viver e experimentar a perplexidade ante as aporias da minha existência.
O ser humano é assim e assim eu quero ser.
Humana, muito humana....

26 de ago. de 2008

SAKURA

A Sakura é o modo como a nação japonesa se refere às cerejeiras floridas.
São árvores de raríssima beleza.
Contam os botânicos que é a única arvore do mundo cujas flores vêm antes das folhas. Sua florada dura no máximo dez ou doze dias, mas é o tempo suficiente para encher o lugar com o espetáculo de beleza e majestade.



Na primavera japonesa as sakuras convidam as pessoas ao Hanami.
hana= flor
miru= olhar
Olhem as flores
O espetaculo é passageiro. Parem e olhem agora!!!
Não deixem para depois!!!
Fico imaginando as sakuras de nossas vidas que florecem, passam e nós não vemos.
São momentos....instantes.
Tudo muito fugaz.
Não vemos porque não estamos atentos à sua chegada. Não aguardamos com espectativa. Nosso espírito não está desperto, vigiando para o instante em que as cerejeiras florirão.

Somos tolos e achamos que todas as coisas seguem as regras de sempre: primeiro isso e depois aquilo. Agimos logicamente, como se tudo no mundo obedecesse à logica racional.

Com a sakura não é assim: as flores vêm antes das folhas.

Vejo que é preciso raciocinar lógica e analogicamente.

A sakura se dá em toda primavera japonesa, mas em nossa vida há coisas em que a florada se dá apenas uma vez.

A sakura nos avisa: vigiem...estejam atentos.... não percam o espetáculo da vida!

Infelizmente muitos dormem. Outros estão ocupados com as tarefas diárias e não têm tempo para o hanami.

Que pena!!!!!

25 de ago. de 2008

ADOECIMENTO


As enfermidades psíquicas são o resultado de uma perturbação da capacidade natural de amar... A condição essencial para curar perturbações psíquicas é o restabelecimento da capacidade natural de amar.
(Wilhelm Reich)