(do Blog Filosofia e Tecnologia - do meu ex-aluno Humberto)
Certa vez eu escrevi um artigo de psicologia, junto com uma psicóloga (Marilda), que batizamos de “Ás vezes não dá para ser feliz”. Este texto diz muitas verdades sobre a vida humana. Tem vezes que a situação que passamos e a dor que sentimos não permite que sejamos felizes. E parece que o amor se foi, abandonando a alma, a vida, o dia. Nestes dias o ambiente fica cinza, sem cor e sem sabor. Sabiamente Lenine coloca em seus versos da música na medida da paixão (que reproduzo alguns aqui):
É como se a gente
Não soubesse
Prá que lado foi a vida
Por que tanta solidão?
E não é a dor
Que me entristece
É não ter uma saída
Nem medida na paixão…
É como se a gente
Pressentisse
Tudo que o amor não disse
Diz agora essa aflição
E ficou o cheiro pelo ar
Ficou o medo de ficar
Vazio demais meu coração…
Sempre que fazemos escolhas e passamos por perdas, vivemos esta dialética da liberdade de viver o novo e de deixar para traz parte de nós. Somos atropelados por estes sentimentos, quando perdemos alguém querido (como a morte de minha mãe), quando mudamos de casa, quando mudamos de cidade e, principalmente, quando mudamos nós mesmos. Sempre sentimos o ar do novo, mas a dor do luto de deixar para traz parte de nós mesmo. Assim, fica vazio demais o coração, até para que o novo entre.
Não dá para ser feliz sempre, quando isto não é uma escolha, senão poderemos assumir nomes como cínico, dissimulado, maníaco, histérico ou mesmo ingênuo. Elaborar o luto, a mudança e a tristeza são essenciais para encontrar a verdadeira felicidade. Muitas vezes confundimos felicidade com alegria ou euforia. Existe uma diferença muito grande, a verdadeira felicidade vem de mãos dadas com a paz, enquanto a alegria, a euforia vem com o abafar da tristeza, que parece uma casca, uma máscara de porcelana.
A tristeza é o filtro da vida, que transforma a dor em lembrança e faz com que exista um continuar, para que o próximo momento possa ser repleto da verdadeira felicidade. Eu desejo a todos que amo um pouco de tristeza que fortalece e cura de verdade a dor. Espero que seja breve, mas suficiente para que encontrem a verdadeira felicidade.
Amo muito esta existência e em mim encontro as dúvidas e escolhas, tristezas e felicidades, razão e emoção, lucidez e insanidade, amor e ódio e por fim uma dialética que me consome e me acalma.
Este texto foi escrito para minha leitura de mim mesmo. Se servir para vocês… que sejam felizes.
Abraços,
Humberto