Certa vez eu escrevi um artigo de psicologia, junto com uma psicóloga (Marilda), que batizamos de “Ás vezes não dá para ser feliz”. Este texto diz muitas verdades sobre a vida humana. Tem vezes que a situação que passamos e a dor que sentimos não permite que sejamos felizes. E parece que o amor se foi, abandonando a alma, a vida, o dia. Nestes dias o ambiente fica cinza, sem cor e sem sabor. Sabiamente Lenine coloca em seus versos da música na medida da paixão (que reproduzo alguns aqui):
É como se a gente
Não soubesse
Prá que lado foi a vida
Por que tanta solidão?
E não é a dor
Que me entristece
É não ter uma saída
Nem medida na paixão…
É como se a gente
Pressentisse
Tudo que o amor não disse
Diz agora essa aflição
E ficou o cheiro pelo ar
Ficou o medo de ficar
Vazio demais meu coração…
Sempre que fazemos escolhas e passamos por perdas, vivemos esta dialética da liberdade de viver o novo e de deixar para traz parte de nós. Somos atropelados por estes sentimentos, quando perdemos alguém querido (como a morte de minha mãe), quando mudamos de casa, quando mudamos de cidade e, principalmente, quando mudamos nós mesmos. Sempre sentimos o ar do novo, mas a dor do luto de deixar para traz parte de nós mesmo. Assim, fica vazio demais o coração, até para que o novo entre.
Não dá para ser feliz sempre, quando isto não é uma escolha, senão poderemos assumir nomes como cínico, dissimulado, maníaco, histérico ou mesmo ingênuo. Elaborar o luto, a mudança e a tristeza são essenciais para encontrar a verdadeira felicidade. Muitas vezes confundimos felicidade com alegria ou euforia. Existe uma diferença muito grande, a verdadeira felicidade vem de mãos dadas com a paz, enquanto a alegria, a euforia vem com o abafar da tristeza, que parece uma casca, uma máscara de porcelana.
A tristeza é o filtro da vida, que transforma a dor em lembrança e faz com que exista um continuar, para que o próximo momento possa ser repleto da verdadeira felicidade. Eu desejo a todos que amo um pouco de tristeza que fortalece e cura de verdade a dor. Espero que seja breve, mas suficiente para que encontrem a verdadeira felicidade.
Amo muito esta existência e em mim encontro as dúvidas e escolhas, tristezas e felicidades, razão e emoção, lucidez e insanidade, amor e ódio e por fim uma dialética que me consome e me acalma.
Este texto foi escrito para minha leitura de mim mesmo. Se servir para vocês… que sejam felizes.
Abraços,
Humberto
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