1 de jul. de 2010

Depressão e cultura


(Ana Laura Campos de Melo - 2º período de Psicologia - UFU)

O problema abordado nesse ensaio é a depressão, uma doença que está se tornando comum, sendo uma das mais freqüentes entre as pessoas com algum problema de saúde. Depressão pode ser definida como um conjunto de alterações comportamentais, emocionais e de pensamento, como, afastamento do convívio social, perda de interesse nas atividades profissionais e acadêmicas, perda do prazer nas relações interpessoais, sentimento de culpa ou autodepreciação, baixa auto-estima, desesperança, apetite e sono alterados, sensação de falta de energia e dificuldade de concentração. Tais alterações tornando-se crônicas trazem prejuízos significativos em várias áreas da vida de uma pessoa. Aquele que está deprimido vê o mundo de forma diferente, sente a realidade de forma diferente e manifesta suas emoções de uma forma diferente.

Ao contrário do que se pensa, a depressão é muito freqüente e, segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde, afeta 121 milhões de pessoas em todo o mundo. A depressão pode ser classificada em três tipos: depressão maior, distimia e transtorno bipolar (Caló, 2005).Observando esse dado da Organização Mundial de Saúde, que revela a grande quantidade de pessoas que possuem depressão, chega se a conclusão de que algo de muito errado está acontecendo com as pessoas, e que a saúde física e também mental não estão sendo lembradas pelas mesmas.

A depressão é muito complexa e difícil de ser diagnosticada, pois um dos seus principais sintomas pode ser confundido com tristeza, apatia, preguiça, irresponsabilidade e em casos crônicos como fraqueza ou falha de caráter. E por isso a demora na busca de tratamento por muitos pacientes. Os sintomas de um paciente depressivo são muito variados, dentre eles estão: pessimismo, dificuldade de tomar decisões,dificuldade para começar a fazer suas tarefas, irritabilidade ou impaciência, inquietação, achar que não vale a pena viver; desejo de morrer, chorar à-toa ou dificuldade para chorar, sensação de que nunca vai melhorar; desesperança, dificuldade de terminar as coisas que começou, sentimento de pena de si mesmo, persistência de pensamentos negativos, queixas freqüentes, sentimentos de culpa injustificáveis e também boca ressecada, constipação, perda de peso e apetite, insônia, perda do desejo sexual.

Períodos de melhoria e piora são comuns, o que cria a falsa impressão de que se está melhorando sozinho quando durante alguns dias o paciente sente-se bem. Geralmente tudo se passa gradualmente, é difícil ver todos os sintomas juntos. Antes de se fazer o diagnóstico a maioria das pessoas possuem explicações para o que está acontecendo com elas, sempre acreditam que é um problema passageiro. Há chances de a depressão ser um fator genético, por isso é importante investigar se há casos de depressão na família do doente.A depressão também pode ocorrer depois de uma situação estressante ou de perda. As pessoas se sentem tristes, numa crise financeira, separação ou morte; após uma situação estressante como: assalto, estupro ou seqüestro. Às vezes a pessoa não consegue sair desta tristeza e ela acaba se transformando em depressão. Algumas doenças também podem levar a depressão, são elas: esclerose múltipla, derrame, hepatite, hipotireoidismo, apnéia do sono, hipertensão, insuficiência cardíaca, diabetes. Além das doenças terminais como câncer e Aids. Medicamentos e drogas também levam á depressão como: cortisona, anfetaminas, pílulas anticoncepcionais, quimioterapia, álcool, crack, ecstasy e maconha.

Existem dois tipos de depressão: monopolar e bipolar. O transtorno bipolar se caracteriza por alterações de fases deprimidas com maníacas, de exaltação, alegria ou irritação do humor.Já a depressão monopolar só tem fases depressivas. O tratamento da depressão inclui o aconselhamento psiquiátrico e remédios antidepressivos. Após um tempo a depressão tende a melhorar, mas os pacientes devem continuar, por prazo indeterminado, se consultando com o especialista. Junto a medicação faz-se necessário a psicoterapia, a força de vontade do paciente , o auxílio da família e dos amigos e de um grupo de ajuda. O tratamento padrão para depressão – psicoterapia e prescrição medicamentosa – é extremamente efetivo, porém a prática de atividade física é uma terapia adjuvante altamente benéfica. As pesquisas demonstram que a prática de exercícios regulares, além dos benefícios fisiológicos, acarreta benefícios psicológicos, tais como: melhor sensação de bem estar, humor e auto-estima, assim como, redução da ansiedade, tensão e depressão (Costa, Soares e Teixeira, 2007). Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que os depressivos mais comuns são do sexo feminino.A OMS alerta também que embora a depressão possa manifestar-se em qualquer momento, a incidência mais alta é nas idades médias e que com tratamento correto, 70% a 90% dos pacientes recuperam-se.

A DEPRESSÃO E A CULTURA.

Qual seria a relação entre depressão e cultura? Estaria a depressão ligada ao cotidiano das pessoas, a rotina de trabalho, a convivência com os amigos e também as relações em família? Se tratando da vida em sociedade, observamos pessoas cada vez mais individualistas, as relações entre a comunidade estão se tornando cada vez menores, a busca por ser melhor que o outro, acaba deixando cada individuo isolado dos demais. Essa situação como outras já descritas, acabam deixando as pessoas isoladas e tristes, o que pode ser revertido, ou pode levar a depressão. Se tratando da rotina de trabalho, pode se notar que as pessoas estão a cada dia mais estressadas, focadas somente em seu ganho material, esquecendo-se do seu lado pessoal e o deixando de lado. Esse dia-a-dia “louco” de milhares de pessoas em todo o mundo, como estão mostrando jornais e revistas, acaba comprometendo a saúde dos indivíduos.Essas pessoas não levam em consideração o que alertam médicos e também psicólogos sobre os efeitos dessa rotina de trabalho desgastante, e podem acabar tendo sérios problemas de saúde. Quando se fala de amizades, muitos são os jovens que possuem grupos de amigos, mas há também aqueles que não se enquadram nesses grupos e acabam se tornando pessoas sozinhas. Essa solidão gera conflitos emocionais, e pode acarretar problemas como o uso de drogas, que acaba nessa situação sendo um refúgio para essas pessoas. O uso de drogas, está entre as causas da depressão.

As estruturas familiares são debatidas por vários especialistas, já que desde o século passado vêm sofrendo alterações em sua composição. As famílias hoje não convivem somente com o divórcio, mas hoje as crianças podem ter dois pais ou duas mães, os homossexuais também estão construindo seus lares. São essas inovações do contexto familiar que muitas vezes geram confusão para os filhos, que na maioria das vezes são os mais prejudicados com essas mudanças e que acabam sendo tidos como diferentes, nos locais públicos, com isso essas crianças acabam enfrentando além dos suas próprios conflitos , o preconceito que também irá provocar um transtorno para esses meninos e meninas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apresentada essa relação, faz-se necessário falar, que a depressão pode ser evitada, se tratando do cotidiano das pessoas, da rotina de trabalho, da convivência com os amigos e também das relações em família, toda essa discussão mostra que esses problemas tem causas originadas das próprias pessoas, ou de alguém próximo as elas. Ressalta-se aqui que a depressão não é uma simples doença e também que os casos de cura não são em 100% dos casos, por isso as pessoas devem estar atentas a esses problemas originários dessa doença, para que quando possível, evitá-la.

É importante também lembrar da figura do psicólogo em meio a esse contexto e valorizar sua ação junto a esses pacientes.

Creio que não é preciso ter o diagnostico de depressão para depois procurar ajuda e sim, procurar ajuda para preveni-lo.

Caló, F. A. Depressão: Definição, tratamento e ajuda, 2005.

Costa, R. A.; Soares, H. L. R.; Teixeira, J. A. C. Benefícios da atividade física e do exercício físico na depressão, 2007.

Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Ramos, M. Os sintomas depressivos e as relações sociais na terceira idade,2007.

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