(Mayara Abreu Resende - 2º período de Psicologia - UFU)
“As dores de que padecem o corpo e a mente podem ser vistas com os olhos fechados: medo, vergonha, raiva, inveja... a cada um a parte apropriada do corpo responde com sua ação”. Hipócrates
Através deste ensaio pretende-se discorrer sobre a relação existente entre a mente e o corpo. Abordando algumas correntes da psicologia serão analisadas situações em que corpo e mente são teoricamente amigos, e outras em que são supostamente inimigos.
Descartes, imerso num contexto de interesse crescente pelas ciências naturais postulou a separação da mente e corpo, sendo o estudo da mente atribuído à religião e à filosofia, e o estudo do corpo, visto então como uma máquina, era objeto de estudo da medicina. Ele distinguia dois tipos de substâncias: uma substância pensante (mente) e uma substância expandida (corpo) e acreditava que apenas a última podia ser considerada parte da natureza, governada por suas leis físicas e exigências ontológicas.
Para Spinoza, a alma, ou melhor, a mente, é idéia do corpo. E este é um objeto realmente existente. Em sua obra Ethica ele concebe a natureza humana como constituída de dois atributos, a mente - uma idéia, e o objeto desta idéia - corpo.
Entretanto, esse pensamento dicotômico que divide mente e corpo tende a hierarquizar e classificar os dois termos de modo que um deles se torne privilegiado e o outro suprimido, subordinado. Porém nem a mente nem o corpo são subordinados um ao outro, pelo contrário, são dependentes, e não sobrevivem isoladamente.
Nossa mente é responsável pela elaboração de comandos estimuladores para o nosso corpo, as sinapses nervosas. A neurologia tem demonstrado que lesões no cérebro provocam alterações no comportamento. Isso pode ser observado no caso de acidentes com dano cerebral, que podem produzir dificuldades de raciocínio ou aumento da irritabilidade, chegando mesmo a modificações duradouras na personalidade.
Platão descrevia a alma (mente) como preexistente ao corpo e a ele sobrevivente, entretanto como Aristóteles ressaltou o organismo é a síntese de dois princípios: matéria e forma; mente e corpo. Assim no sujeito mente e corpo formam uma unidade indissolúvel. Não é possível que exista um corpo sem mente, nem uma mente sem o corpo.
O corpo segundo as concepções históricas do passado é uma máquina automotora, um artifício mecânico, funcionando de acordo com leis causais e leis da natureza.
A partir do início do século XX, com o desenvolvimento da teoria psicanalítica, Freud, através do conceito de determinismo psíquico, resgata a importância dos aspectos internos do homem, sinalizando a importância da mente. O início a psicanálise, entretanto partiu do corpo, com os estudos de Freud sobre a histeria e sua atenção às conversões. Como afirmou Freud, o ego é, primitivamente e antes de tudo, um ego corporal, ressalta-se nessa perspectiva a importância do corpo.
Enquanto o sujeito está vivo, a mente e o corpo formam uma unidade indissolúvel. O neuroanatomista português Damásio (2004) afirma que o pensamento e corpo embora distinguíveis, são produtos da mesma substância, Deus ou natureza. Esta referência de uma única substância serve ao propósito de apresentar a mente como inseparável do corpo.
Não existe corpo sem mente, nem mente sem corpo. O que existe é um organismo, um ser humano, composto de várias partes, entre elas a mente que responde as demandas do organismo e do ambiente. A mente precisa do corpo para ser mente, e o corpo precisa da mente para se comportar como ser humano.
Não existe separação fundamental entre mente e corpo, corpo e mente formam uma unidade. Uma pessoa é a soma total de suas experiências de vida, cada uma das quais é registrada na sua mente e estruturada em seu corpo.
Nós somos os nossos corpos como também nossos pensamentos, emoções, sensações, sentimentos e ações. Ser humano não é uma pessoa cuja mente domina o corpo, nem um corpo que domina a mente é uma pessoa que se reflete em seu corpo, e que tem um sentido de continuidade, pois vem do passado existe no presente e pertence ao futuro.
Apesar dos conhecimentos científicos, nosso pensamento comum separa de forma marcante a mente e o corpo, como se fossem duas coisas pertencentes a mundos distantes. Se a mente e corpo fossem mesmo diferentes, e se a mente fosse imaterial, como ela faria para influenciar o nosso corpo? Mente e corpo, indiscutivelmente unidos e necessários um ao outro.
Um psicólogo precisa entender que ao ajudar uma pessoa ele não conseguirá tratar a mente separada do corpo, pois ambos coexistem juntos. Ao conhecer a história da pessoa ele a ajudará a compreender os momentos difíceis de sua vida, suas emoções, que estão armazenados na mente, mas manifestadas através do corpo. Poderá trabalhar os conflitos do passado (e do presente) onde estão estruturados alguns bloqueios na mente, trabalhando conseqüentemente com o corpo, já que é nele que se exterioriza a história de vida da pessoa, entendendo essa relação indissolúvel entre mente e corpo ele terá condições para auxiliar no processo de reestruturação do futuro do sujeito.
Elizabeth Grosz (2000). Corpos reconfigurados. (incompleto)
Maria da Graça de Castro et al (2006). CONCEITO MENTE E CORPO ATRAVÉS DA HISTÓRIA. (incompleto)
Duda Teixeira. Espinoza e Reich: O corpo da alegria. (incompleto)
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